quarta-feira, 6 de abril de 2011

Entrevista - Conheça o Autor Sergio Carmach




1) Quem é Sergio Carmach? O que define você?

Oi, Anne. Em primeiro lugar, gostaria de agradecer o convite para essa
entrevista. Estou muito feliz por vir ao seu blog, que só faz crescer e
melhorar. Bem... Quem sou eu? Depende dos olhos do observador. Eu diria
que uma pessoa muito direta. Até gostaria de pedir, de antemão, desculpas
por eventuais afirmações contundentes que eu venha a fazer nas respostas
seguintes. Eu sou assim e às vezes pode parecer antipatia, mas fiquem
certos que, no fundo, sou um cara legal e sempre disposto a ajudar.
Considero-me honesto, perfeccionista e sério nas coisas que faço. Tenho
muitas manias obsessivo-compulsivas, das quais, infelizmente, não consigo
me livrar... Humm...! Chega, né?!
2) Você é advogado, certo? Como você se divide entre sua profissão e a
escrita?
Sou advogado atuante, pero no mucho. Meu verdadeiro ganha-pão é produzir
vídeos. De qualquer modo, independentemente de qual profissão alguém
tenha, basta planejamento para conseguir conjugar suas diversas
atividades. Mas se você é do tipo de pessoa que escreve dez minutos,
depois perde vinte em uma petição, passando em seguida para uma edição de
vídeo, não vai conseguir fazer nada direito. Se bem que, reza a lenda,
mulheres são mestras na arte de fazer mil coisas, com qualidade, ao mesmo
tempo. Como não sou uma...
3) Algum autor ou livro em especial tem influência na sua escrita?
Eu diria que não. Minha leitura é muito esparsa e variada. Não tenho
ídolos em quem me espelhar e acredito possuir um estilo próprio.
4) "Para Sempre Ana" surgiu como?
Aos poucos. Em 2000, escrevi as primeiras 80 páginas sem muito critério.
As ideias iam surgindo e eu simplesmente as colocava no papel. É assim que
costumo começar. Depois disso, larguei a “história” de lado. Em 2008,
peguei aquele velho rascunho e analisei seu potencial. Vi que ele tinha
elementos para servir de base a uma trama bem mais complexa e interessante
daquilo que eu havia originalmente imaginado. Então, como sempre faço ao
passar à fase séria da escrita, elaborei todo um resumo cronológico da
história. Finalmente, estipulei o prazo para terminar o livro (maio de
2009) e o volume final de páginas que julguei razoável (por volta de 300
laudas literárias, com uma margem de erro de 20% para mais). Esse
arcabouço metódico foi a base para minha emoção começar a fluir solta.
Discordo do senso comum e defendo que o sentimento pode (e deve!) brotar
do pragmatismo e da racionalidade. Veja o exemplo do músico. Antes de
compor, ele sabe que sua canção não pode passar de tantos minutos (caso
contrário, as rádios não tocarão), que a passagem de um tom maior para um
tom menor provoca uma sensação de melancolia no ouvinte, que determinada
harmonia é mais adequada a certo estilo musical etc. Com base nesses
elementos racionais, ele produz sua obra emotiva. Se você, como autor,
consegue escrever ao léu e, ao final, ter um texto maravilhoso em todos os
sentidos, considero-o um gênio. Pelo menos para mim, a emoção não é nada
sem planejamento e técnica. E, Anne, a técnica está passando longe de
muitos aspirantes a escritor, começando pelo quesito “Português”. Eu tenho
lido amostras de livros terríveis por aí. Acho incrível a quantidade de
gente que escreve sem ter noções mínimas de pontuação, regência,
construção frasal, coesão textual e por aí vai. Isso é o mesmo que eu
querer ser piloto de F1 sem saber nada de mecânica e direção.
5) E como você o descreveria para quem ainda não conhece?
Acho que repetindo a resposta dada à primeira pergunta.
6) Quais suas preferências literárias?
Eu gosto de ler textos que me façam refletir, independentemente de quem os
escreveu e do estilo da obra. Saramago, no aspecto formal, tem uma escrita
embolada, chata de ler (pelo menos para mim). Mas, no conteúdo, ele sabe
instigar o pensamento filosófico do leitor. E eu gosto muito de filosofar.
O diálogo surreal sobre “realidade”, travado entre Motta e Irineu no
capítulo 2 de “Para Sempre Ana” (à disposição no meu blog), é apenas um
recurso para deixar o momento da chegada de Ana ainda mais caótico e sem
sentido para Carlos, mas reflete esse meu lado.
7) Como se sente vendo "Para Sempre Ana" pronto e publicado?
As grandes editoras só querem publicar autores com um público já formado,
independentemente da qualidade de suas obras. Antes lançar um ex-BBB
contando sua trajetória de vida do que se arriscar a publicar um Sergio
Carmach qualquer, mesmo que este tenha algo muito bom para mostrar. Se
você é um autor com mídia e tem um livro de autoajuda, de vampiros ou com
dicas para adolescentes, melhor ainda: nos dias de hoje, suas chances de
sucesso com as grandes editoras serão enormes! Em meio a esse cenário, eu
só poderia ficar muito feliz ao ver “Para Sempre Ana”, um livro que foge a
esses estereótipos, publicado. No processo de busca por uma editora, posso
dizer que recebi propostas razoáveis de publicação para um autor
totalmente desconhecido, o que me deixou seguro quanto à qualidade do
livro. Mas acabei me lançando com a Caravansarai/Mauad X, por três
motivos: trabalho gráfico impecável, qualidade de distribuição acima da
média das independentes e, principalmente, por ser dirigida por pessoas
superbacanas e transigentes, o que me deixou totalmente livre de amarras
contratuais leoninas.
8) O que você tem a dizer para quem tem o sonho de publicar um livro,
visto que hoje o mercado está super concorrido?
Eu poderia falar o clássico “não desista jamais do seu sonho”. Mas meu
temperamento é mais prático. Então, em primeiro lugar, eu diria para você
redefinir o significado da palavra “sonho”. Sonho não é desejar algo com
base em uma fantasia; sonho é a vontade de lapidar lindamente algo
verdadeiramente real. Não entendeu? Bem, falo de talento. Se você
realmente o tem para a escrita, mas, assim como eu, não está na mídia, não
é parente de alguém famoso e influente, não tem amigos poderosos em
grandes editoras ou coisa que o valha (e, de forma alguma, estou
criticando quem tem essas facilidades à disposição), é preciso partir para
a produção nos moldes não tradicionais. Com a proliferação das editoras
independentes, a publicação tornou-se a parte mais fácil. O difícil é
distribuir o livro e divulgá-lo de maneira eficiente. Então, procure uma
editora que, além de publicar com qualidade de mercado e dar a
oportunidade da produção sair a custo zero para você, tenha meios de
colocar seu livro nas grandes livrarias. Feito isso, cabe ao autor botar a
boca no trombone, anunciar aos quatro ventos que seu produto está
disponível e achar seu público. Mas que é uma tarefa hercúlea tentar ser
visto num oceano de gente fazendo a mesma coisa, lá isso é! Bom...
Acredito que escrever bem e saber contar uma história legal ajude um
pouquinho nesse processo de saída da obscuridade. Mas o marketing pessoal,
não raro, pesa mil vezes mais que a competência. Epa!!! Acho que essa
última frase foi a mais importante de todo o meu discurso rsrs. Epa outra
vez!!! Será que estou atento a esse conselho??? kkk
9) Tem algum novo projeto em mente?
Sim, meu próximo livro tem o título provisório de “Os Demônios de
Amostheus”. A história começa com uma expedição arqueológica encontrando o
que seria o sepulcro de Judas em meio à floresta tropical brasileira,
próximo ao obscuro rio das Almas. Dentro do túmulo, intocado por dois
milênios, está a outra metade de uma escultura achada em Israel. Após esse
acontecimento aparentemente impossível, um homem se vê aprisionado em um
quarto. Na parede, nota uma gravura abstrata de Deus, na qual estaria
escondida uma misteriosa e desconhecida revelação. Sempre que entra em um
estranho estado de inconsciência, ele passa a acompanhar a vida dos
moradores de uma cidade amazônica chamada Rio dos Sonhos. Nesse lugar
isolado, onde alguns juram ver seres com chifres à noite, ocorrerá o
embate final entre duas famílias seculares, ambas, cada qual movida por
suas próprias razões, em busca de algo cuja real dimensão ignoram por
completo.
Agradeço a colaboração do querido Sergio!!
Abaixo o booktrailer do livro Para Sempre Ana.   Pessoal fica  a dica!!!

Um comentário:

  1. Sergio Carmach realmente é brilhante. Conheço ele de outros carnavais. É razão e emoção ao mesmo tempo,e gosta das coisas bem feitas.
    Boa sorte.

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